A MÁ POSTURA, sem sombra de dúvidas, é a causa mais comum das hérnias de disco.
Seja no dia a dia trabalhando, assistindo televisão ou praticando uma atividade física. Pode ocorrer em um episódio único.
Muito comum carregando peso, por exemplo; ou ao decorrer do tempo, onde os ligamentos são colocados em tensão por grandes períodos, perdendo a capacidade de limitar os movimentos entre os ossos, gerando um movimento excessivo que rompe o disco.
Os sintomas mais comuns são:
– dor
– formigamento
– falta de sensibilidade
– perda de força
Em casos mais agudos o paciente “trava” em uma posição com muita dor ao tentar voltar à postura normal; em outros casos, o paciente tem hérnia, mas não apresenta sintomas.
O diagnóstico é feito através de uma coleta da história da dor, examinando os pontos dolorosos, presença de assimetrias e testes especiais.
Na maioria dos casos, o diagnóstico só é fechado com uma ressonância magnética ou tomografia – nesses, é possível também saber o nível da hérnia.
Como falei anteriormente, a cicatrização desse tecido é muito difícil, e as estruturas lesadas não “colam” novamente.
Mas a hérnia tende a regredir e o núcleo pulposo voltar ao seu lugar original (ou muito próximo disso), com um tratamento e atividades físicas regulares bem feitos.
A reabilitação se baseia principalmente em equilibrar as forças que causaram a hérnia e seus sintomas. Portanto, em cada paciente, a abordagem é personalizada.
No tratamento, quando numa fase inicial, mais aguda, focamos em trazer o conforto à pessoa:
– diminuindo a dor e tensão muscular com recursos de terapia manual (mobilizações vertebrais e neurais, liberação miofascial)
– eletrotermofototerapêuticos: laser, Ultrassom, ondas curtas, tens, etc.
– alguns alongamentos, quando possível. (Evitamos que o paciente fique totalmente parado).
Uma vez passado o quadro agudo, damos início aos exercícios de estabilização e fortalecimento global.
Orientamos e treinamos os movimentos realizados nas atividades diárias e esportivas e, o paciente evoluindo bem, recebe alta.
Segundo pesquisas, 10% dos casos de hérnia mais avançados não evolui bem ao tratamento conservador. Há necessidade de cirurgia e, posteriormente, são encaminhados à fisioterapia.
Devemos levar em consideração que o tratamento cirúrgico neste caso é o último recurso. E somente deve ser indicado quando o tratamento conservador não apresentar bons resultados.
ENTENDENDO A ESTRUTURA DA COLUNA E COMO OCORRE A HÉRNIA
Nossa coluna é bem complexa e o pilar central de sustentação do nosso corpo, recebendo pressão em todos os sentidos. É um conjunto de ossinhos empilhados que chamamos de vértebras.
Na parte da frente (ou pilar anterior) esses ossos são conectados por uma espécie de borrachinha que chamamos de “disco intervertebral”; e na parte de trás, – pilar posterior -, temos pequenas articulações (compostas pelas facetas articulares e cápsula articular).
Elas são responsáveis por limitar e dar a direção aos movimentos da coluna. Tanto o pilar anterior quanto o posterior, possuem uma rede de ligamentos e músculos que dão estabilidade à coluna vertebral.
O disco intervertebral é composto de uma porção central, que chamamos de “núcleo puposo”. É uma bolinha entre 2 superfícies planas na vértebra.
Isso permite que:
– os ossos da coluna se movimentem de frente para trás
– da esquerda para direita
– rodando de um lado para o outro
– ou todos esses movimentos ao mesmo tempo
– e que tenha espaço entre uma vértebra e outra
Ao redor dessa bolinha, temos uma estrutura em anéis fibrosos, parecido com uma cebola, que dá suporte ao núcleo e também limita o movimento das vértebras.
Tanto o núcleo pulposo quanto o disco, não recebem irrigação, portanto a sua cicatrização é bem prejudicada (poderia falar até que não ocorre).
A hérnia de disco é uma alteração nesses 2 componentes do disco: ela ocorre quando o núcleo pulposo se rompe e seu conteúdo migra para parte mais externa do disco, rompendo os anéis fibrosos.
Ela pode ocorrer:
– na parte da frente da coluna: não apresenta grandes sintomas (ou nenhum), há a diminuição do espaço entre as vértebras, aumentando a pressão nas facetas e com o tempo trazendo desgaste e dor nessa região
– na parte posterior: neste caso, o espaço prejudicado que causa dor e desgaste é o canal medular (“tubo” formado pelas vértebras onde passa a medula). E quando há uma obstrução muito grande além de alteração de sensibilidade e força, o paciente pode apresentar incontinência urinária.
– na parte lateral: já em um nível mais avançado, diminui o espaço no forame intervertebral (buraco onde passam os nervos), e o paciente pode ter sintomas tanto de alteração de sensibilidade, dor, desgaste na região ou ainda perda de força.
O fato da pessoa ter hérnia de disco, não necessariamente significa que ela vai ter dor ou qualquer outro comprometimento. Na realidade, a maioria delas nem sabem que têm.
Há 4 níveis de alteração discal:
1 – abaulamento/degeneração: núcleo pulposo se rompe e seu conteúdo começa a migrar rompendo os anéis fibrosos mais próximos, não invade os forames.
2 – protrusão discal: o conteúdo do núcleo rompe grande parte dos anéis fibrosos e já começa a empurrar a camada mais externa do disco. Projetando-se para os forames (buraco do nervo) – tocando, ou não, as estruturas nervosas.
3 – extrusão: a última camada do disco é rompida e seu conteúdo extravasa para dentro do forame. Nessa fase a medula ou a raiz nervosa já sofrem algum tipo de pressão.
4 – sequestro: todo o conteúdo do núcleo extravasa e escorre pelo canal medular. Além de pressão no nervo – e por ser um conteúdo ácido-, provoca fortes dores, o que chamamos de dor química.